Completamente evasivo,
Este é um corpo
Que se move transparente
Nas Linhas incorrectas
De um horizonte padecido.
A face que chora,
Se envergonha de não ser ninguém,
Procura o sorriso apetecido
Algures, um qualquer lugar,
Medo que se perdeu.
Silêncio da noite, ecoam melodias,
Rituais de cegueira e fogo
Alimentam na madrugada
Pedaços de destino,
A comprometer a aurora enfeitiçada.
Quem me quis mal?
Anjos de luz,
Anjos negros,
Confrontam-se, desvendam segredos.
No culminar deste mundo
Vão-se significados de quem sou,
Dos meus medos.
Na voz amargurada da tristeza,
Cantam o meu nome,
Num silêncio confuso
Que é o meu vazio.
Ser Poeta...
Colocar em qualquer pedra inanimada um movimento,
Clarear o sombreado das nuvens,
Libertar as águas da chuva,
Dar luz a esta vida
Comovida com a ausência de um momento.
Neste pedaço de mundo
Desabam sobre mim,
Palavras que soltei,
Da vida que vivi,
Do significado que sou.
Paulo Themudo