Queria arrancar do peito a saudade,
Pois acerba dor me consome o alento,
Sim, meu amor, esta é a lúcida verdade
Num punhado de sonhos lançado ao vento...
Queria agarrar a beleza de cada momento,
Em que perto de ti, ritmado batia o coração
Sentir no peito extase de puro sentimento,
Querer assim como espolio, prende-lo com a mão...
Queria acordar no sonho certo,
Edificado em altivez, mesmo que estranha...
Mas é tão grave a nostalgia com que desperto,
Tudo é medonho, e no seu meio me entranha...
Sim, meu amor, esta é a lúcida verdade,
Num punhado de sonhos, que nervosamente
Perdi meditando ao vento da saudade...
Paulo Alves