Quem diz que a mulher e o melão,
se assemelham,
não terá por certo razão,
para o fazer.
Quer-me parecer que é uma espécie
de subterfúgio que usa,
um pretexto,
para convidar uma musa,
a suscitar nele a imaginação,
que lhe está a faltar.
Assim eu mulher,
que melão não quero parecer,
nem musa ouso ser,
a quem o disse,
venho dizer,
que mulher é fruta viva,
não é como outra fruta qualquer,
na qual basta que se ponha o garfo,
ou que se colha à colher,
para ela logo na boca se desfazer.
A mulher é fruta,
dizem homens e poetas.
Mulher é uma divina tentação,
mas ela se distingue da outra,
pela qualidade que exige de amor,
pelo tratamento especial e único que requer
para que se deixe colher.
Não basta ter mão,
não basta ter prazer,
não basta plantar árvore,
ser o melhor lavrador,
ou um ilustre poeta,
para dela se falar.
Só come o bom fruto-mulher,
quem sabe dar-lhe o justo atributo,
e aprendeu a dar-lhe valor!
Quem provou o gosto de uma mulher,
não o confunde com o do melão,
pois diz o bom provador e amante,
que a mulher é como a melhor casta
de vinho,
quanto mais velha,
(tal como o vinho),
mais inebria,
quanto mais nova,
mais se deixa amadurecer.
Mulher é uva, pêra, maça,
até bem pode ser,
aquilo que se quiser...
mas só Deus sabe escolher,
qual nome se lhe deve dar,
qual o homem que a merece provar,
e qual aquele que vai ficar com o seu sabor
registado para sempre,
na boca do seu coração!
beatriz barroso