ANTES DO ORVALHO
Não tenho nada nas mãos
Que não se pareça tão alheio quanto o eu que vaga, se dissolve
Na mediocridade do cotidiano e áquele que burila suas impressões
Em páginas tingidas de veio branco.
Ah, exarar é um mister que me subjuga a mente justamente em Seu
Entorno,
Fazendo-me um vampiro edaz e sôfrego.
Exaro porque não escrevo o que querer expressar suponho.
Com efeito, o ima da escrita e da esquizofrenia me beija a boca:
Sim, é fácil o perceber, pois tenho atração pelo alheio e pela Pomba.
Não, não devo nomear um dos matizes do que sou das letras
Que embevecedoramente compõem o corpo do verbo
Alheio. Não, não devo. Não, devo sabê-lo e senti-lo
Mais presente e, metafisicamente, mais palpável. Por isso, devo Empregar o vocábulo que o descreve perfeitamente:
sim, falo do verbo que traduz
Concisamente o que verazmente sinto.
Ah, vocês querem saber o nome do verbo. O nome do verbo
É o vazio, o nada perseguido!
Sim, porque o alheio é a inefável névoa de mistérios,
Que nunca deslindo...
É a semântica de um singelo poema
Que, até aqui, compreender não consigo.
Enfim, o alheio é o horizonte do sol que nunca vejo refulgindo!
Na verdade, o que sei é que amanheço e anoiteço
Sob o esteio de um firmamento de escassas alegrias...
Sob a égide de um dilúvio de dissabores condensados que me Guiam...
Sob a proteção do câncer da solitude que me açaima,
Fazendo-me trôpego caminhar sobre sáfaras.
Só sei que nas mãos minhas seguro uma caneta
Que quer prrencher um espaço vazio:
O qual, quando escrito, personifica o opaco,
Pois não deixa que a luz da atemporalidade
Trasncenda á medíocre grandeza de uma folha em branco.
Oh, a grandeza do branco do mádido orvalho!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA