Enfrentava o mar apenas com o olhar.
Da areia o observava revolto, provocante...
Não sei nadar, mas sei o que significa enfrentar o mar.
As vezes ele me parecia desafiar.
Desafia as pedras, a terra, o ar...
E a brisa, me convidava a saborear o doce sabor salgado daquele mar.
Levantei-me e fui até que ele me tocasse os pés, mas ele queria mais.
Deixei que me experimentasse um pouco mais...
e desisti, diante da sua fúria, confesso que por mêdo mesmo.
Mas enfim numa explosão de ímpeto, subitamente levantei-me novamente e diante daquele verde azulado, daquela força que se deslocava à minha frente, daquela dança de águas revoltas, atirei-me entre as vagas das ondas mais altas que logo encarregaram-se de me tomar.
Não havia mais chão, não, só profundeza, não havia mais a linha entre a areia e a água, e o horizonte se mostrava apenas entre as evoluções das ondas, mas logo percebi que o mar queria apenas brincar, apenas acariciar, como brinca com tudo o que leva, e traz, e leva, e traz...
Era então o azul do céu, o verde do mar, o açoite dos ventos, e eu como um mínimo elemento incrustado em toda aquela natureza, ...e o mar me devolveu à terra.
Talvez em revolta por minha curta permanência atirou-me nas areias violentamente, tomou-me novamente e tornou a libertar-me.
Gosto de ver o mar, me inspira seu poder, a maneira como desafia a terra e açoita as pedras com fúria...
a maneira como reage aos ventos...
a maneira como me chama e me inspira,
como cria mêdos, desejos, lendas e mistérios, ...e poesia.
Acho que sou meio que dos ventos, meio que do ar,
meio que das águas, meio que do mar,
...e como é bom o vento que vem do mar!
Yehoshua