Eu só quero paz
mais posso buscar,
além da calma...
Justa quero ser.
Como dormir tranqüila.
Há quem não tem pão...
É densa a noite.
Meninos nas calçadas,
não dormem, de frio...
Vivem como cães.
Procuram nos detritos
restos de vida...
Serão humanos,
ou animais ferozes?
Hora da caça.
Becos escondem,
o que é divino neles.
Parecem bichos.
São iguais a nós.
O medo gera feras.
Brutal contraste.
Já não posso mais
dormir tranqüila e calma.
Calar não posso.
Que mundo este,
que futuro buscamos?
Meninos morrem.
Abandonados.
Quem os matou? Nós todos.
Com a indiferença.
Que é arma mortal,
também cruel, porque fere
antes de matar.
Nas casas quentes,
lareiras, cobertores.
E há meninos lá fora.
Trancam-se portas,
eles são perigosos.
Poderiam ser anjos.
Quem sabe não são,
anjos a nos procurar...
Não nos acharão.
As portas estarão
todas trancadas...