Poemas -> Amor : 

era um tempo de circuncisar o verbo

 
Tags:  alma    deuses    poema amor    ninfas  
 
era um tempo de circuncisar o verbo
limpo
num gesto de revelar a essência
da alma ao sexo.

nada estava proscrito ou interdito
nada era demasiado
de ousado de profano ou louco
nada calava o agito
dos braços
e das penas
fintas
e a magia pressentida nos astros, deuses em guarda.

ninfas, titãs, nereides, divindades do sol
do vento e da água
em concílio celestial
em concluo, fechado o circulo,
celebravam o viço e a orfandade das colheitas
jazidas
na pele dos corpos

amar era regra, cânone, ditame
vagem de milho-rei
cabalmente desfolhada ali

e a flor crescia flor, e o vento desfolhava o vento
e o mar era mais mar
e o sol
nascia de nós por dentro
madrugado

era um tempo líquido revelador do próprio tempo.


MT.ATENÇÃO:CÓPIAS TOTAIS OU PARCIAIS EM BLOGS OU AFINS SÓ C/AUTORIZAÇÃO EXPRESSA

 
Autor
Mel de Carvalho
 
Texto
Data
Leituras
1160
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 09/06/2008 22:31  Atualizado: 09/06/2008 22:31
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3407
 Re: era um tempo de circuncisar o verbo p/ Mel de Carvalho
As tuas palavras despem-se numa virgem leveza, transformam-se em nuvem negra e nascem sol madrugado num corpo de poeta.

Circuncise-se então o verbo.

Beijo