Estou parado
a ver televisão sentado;
nada faço, nada
a não ser bramir uma espada.
em pensamentos...
vou para a cama repousar,
logo depois de acordar.
trago a almofada comigo
só olho para o meu umbigo...
não ajudo ninguém.
Gosto de ver os outros a laborar,
quando passeio pela cidade sem parar,
e páro frequentemente
para ver trabalhar gente.
dá-me gozo...
O silêncio é de ouro,
a palavra de prata agouro,
para quem dorme o dia todo
nem no anzol ponho o engodo...
tenho tempo.
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.