SONHO DE CARNAVAL
Extasias-me com a tua impoluta beleza,
Cobres-me de afeto e mostro-te o umbral,
Dos meus encontros com esta vil tristeza,
Fazes do amor tua fantasia de carnaval.
Sou teu arlequim neste teatro da vida,
E tu, a colombina que me conquistaste,
Talvez pierrô, por sentir tanta partida,
E um olhar tão triste que nunca notaste.
Sou canto merencório que te causas prazer,
De pelos cordões e blocos sempre a cantar,
Ironia oportuna em trazeres-me o sofrer,
Nos salões da vida ao miserável zombar.
Confetes, serpentinas, auge da tua glória!
Os poemas de Orfeu quiseste desdenhar,
No teu canto momesco exaltavas a vitória,
Para quarta-feira de cinzas, tudo acabar!
Rivadávia Leite
AQUARELA DE UM SONHO
Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,
Como é estranho este teu lângüido pensar!
Esta cisma persistente e assaz desastrosa,
No meu caminho, jamais deixarei passar!
Satírica maneira que te faz tão escabrosa,
Vendavais...