Moleques canalhas. Vocês não prestam. Escrevo este poema a mando do índio Galdino, que vocês queimaram vivo.A missa foi celebrada pelo representante do então papa João Paulo II, pelo cardeal Ângelo Sodano,ao ar livre, em Porto Seguro, local certo do descobrimento. Os índios fizeram protesto. O cardeal Sodano nada sabia desta pouca vergonha.
Diante da cruz vazia,
quando a hóstia foi erguida,
transformada em pão da vida,
o Jesus que nela havia
não era o Nazareno,
e sim um Jesus moreno,
a repetir o que no Calvário disse
o Filho do Pai:
- Isto é o meu corpo, tomai!
Seguiu-se depois o vinho,
sangue de sua agonia;
mas em meio a tanto amém,
nem o cardeal, nem ninguém
- só o silêncio entendia.
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júlio, in liturgia dos náufragos,
por ocasião dos 500 anos do descobrimento do Brasil, em razão do assassinato de um índio, queimado vivo, enquanto dormia, num ponto de ônibus, em Brasília, por moleques ricos, que só queriam se divertir.
Júlio Saraiva