Sonetos : 

A ODE QUE VIROU SONETO

 
"Júlio Saraiva a colher poesia do chão
dessa madrugada de cortes e sangue
nuvem que explode na parede
um poema sem destino."

Álvaro Alves de Faria, in Babel



As barbas postas de molho

o olhar perdido à míngua

o verso some da língua

só sei o olho-por-olho


o verso que não recolho

machuca mais do que íngua

a rima - se vem - xingo-a

e fecho-me a ferrolho


dos que passam faço pouco

o meu cinismo se ativa

acostumei-me a ser louco


ao rei de paus digo: - Viva!

bato no ar dou-lhe um soco

e sigo só à deriva

______________

júlio


Júlio Saraiva

 
Autor
Julio Saraiva
 
Texto
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/06/2008 06:15  Atualizado: 07/06/2008 06:15
 Re: A ODE QUE VIROU SONETO
Nobre Júlio!

"Júlio Saraiva a colher poesia do chão
dessa madrugada de cortes e sangue
nuvem que explode na parede
um poema sem destino."

Um completar mavioso
que se reflete viçoso
o soneto na mágica madrugada.

Meus sinceros parabéns e agradecimentos pela visita e comentário.


Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 07/06/2008 10:57  Atualizado: 07/06/2008 10:57
Membro de honra
Usuário desde: 24/12/2006
Localidade: Montemor-o-Novo
Mensagens: 3408
 Re: A ODE QUE VIROU SONETO p/ Julio Saraiva
Do teu soneto que já era ode
Tirei sonhos de menino em cores,
Jardins repletos de flores
E tudo mais que em mim se acomode.

Jurei rir quando queira chorar,
Viajar sem correr mundo
Na palavra de tom profundo
E na arte de beijar.

É o melhor comentário que me sai e com que posso homenagear este seu belo soneto.

Abraço

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/06/2008 13:56  Atualizado: 07/06/2008 13:56
 Re: A ODE QUE VIROU SONETO
POETA AMIGO JULIO, LENDO ESTE ODE QUE VIROU SONETO FICO PENSANDO NO REI DE PAUS, JÁ QUE AS COPAS ESSAS SE FORAM LHE DÁ UM SOCO E SEGUE À DERIVA DE ALGO QUE FAÇA COM QUE AS BARBAS FIQUEM MAIS RESISTENTES AO FOGO.

UM ABRAÇO AMIGO

Enviado por Tópico
Mel de Carvalho
Publicado: 07/06/2008 14:20  Atualizado: 07/06/2008 14:21
Colaborador
Usuário desde: 03/03/2007
Localidade: Lisboa/Peniche
Mensagens: 1562
 Re: A ODE QUE VIROU SONETO
Seja qual for o registo, seja qual for a métrica ou a rima, ausente ou presente, o Júlio é, acredite, dos poetas que mais prazer me dá de ler. A sua escrita, não raras vezes de dor e duma revolta (in)contida, tem sempre, mas sempre, uma matriz de humanidade.

Bem haja, Júlio. Perdoe se o não comento mais, mas ando sempre a mil, entro e saio e leio em off, sempre que me é possível.

Um abraço
Mel