Busco-a intensa
a cada noite naufragada
em que não canto as flores
nem fito acesa a luz de nenhuma estrela polar
incendiada.
A nascente, a vida!
Busco-a
com a lua prolapsa em meu regaço
e a cidade exausta já adormecida
de gentes
d’artérias
d’avenidas
vazia
silêncios
a pulsarem aninhados no meu seio,
materno seio, num enlace doce e manso
aqui, onde se desenha a curva cristalina
d’ousadia e de receio.
E logo, logo, vidente, tu chegas
e m’envolves, menina, num ousado e terno tango
e rodopias na minh’alma nómada, cigana,
na forma breve dum poema branco
e a penetras, ávida de teu corpo,
texto de mar bebido, trago a trago, em bebedeiras maiores
d’alabastro de rubis e porcelana.
Dançamos
fundidos num encadeamento de cordas e de pernas
bambas
de formas difusas e ausência de regras
moldados os corpos as mentes
ao verbo.
Amanhece.
Desfolho vagarosa libretos de vocábulos em busca da forma pura
de dizer amor, de dizer amado…
e não encontro...
sejam primulas amarelas ou ruas nuas e frias
que nelas
e com elas
tecerei fios de prata, colares, filigranas de mimosas
em forma harmónica…
Tacteio agora nervuras, desfolho o mar,
“a biblioteca do mar” de volumetrias angulosas
e folhas inquietas p’lo assobio do vento
um gemido, um lamento
solto
…é largo o tempo num relógio pendular.
E o dia chega, repovoado d’harmonia.
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