Roubaste-me a saliva que humedece os meus lábios
Mordes-te o beijo no deleite e deste-me sede
Arrastei o meu corpo até ao teu rio e bebi
Soletrei o luar em letras na procura de mais estrelas
Onde estão elas?
Confisco todos os teus bens para uso próprio
Nem um segundo a minha alma suga deixa para trás
Carrego o dorso de animal que as pernas tremem
Nem um cabelo teu sonhe cair na rua
Ficarei contigo de braços quebrados
À mercê da chuva
Não desapareças no meu sono
Enquanto dormito o prazer
Se fazes isso enlouqueço
Não bloqueies o caminho do sol
Por onde roubas os seus raios
Se fazes isso perco o brilho
Não fracciones a sensualidade do teu caminhar
Quando enrolas o teu corpo na meu corpo
Se fazes isso perco o meu gozo
Corro o cortinado e elevo o barulho
De uma persiana que fecho
Troquei a naturalidade da luz
Pelo sussurro das vozes
Que machucam as vestes
É quente esse zéfiro que de bafo nos cobre
Não existe nada para além da pele
Apenas suor que amacia o mel
Onde me lambuzo num gosto crescente
Deixei de ser nascente e fui poente
Desce o desmaio em febre gel consentido
Descansa o enrosco e silencia o gemido
É paz extravasada pela devassidão da bendita lua
Na frente dos olhos tens os cabelos colados
Mais uma vez a saliva fez travessuras
Tornou a revolta do mar em alado
Juntou o mar às dunas
Fazemos a troca dos bens por mim roubados
Tecla após tecla jogo a carta que de letras escolho no teclado
A primeira, a sétima, a terceira, a quarta, a nona, traço
A quinta e finalmente e de novo a terceira
Descobre qual a palavra e eu venero-te
Não te canses eu -quero-te