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UMA CANÇÃO DE DESPEDIDA E RETORNO

 
Nosso amor pelas ruas da serra
Pelas quinas do muro
Pelas ruas desertas
Nos semáforos apressados
Está marcado nas minhas retinas
Para sempre, não descola mais.
O seu cheiro doce
Sua boca molhada
Seu corpo forte, sua pele, seu toque...
Os perigos do risco de apenas andar abraçados pelas ruas da cidade.
Que mundo é esse que nos separa?
Nos dividindo ao meio e determinando nossa sina.
Esses preceitos rígidos
De repente (um pouco) quebrados.

Nosso amor relâmpago
No banco do carro
Os beijos no restaurante
A sua roupa de classe
Seu porte elegante
A compra no mercado
Nosso amor ao volante
Os faróis ultrapassados
O passado sempre presente
E a ameaça de um futuro juntos
Pensado, truncado, sufocado
Nesse caminho para o trabalho
Nesse percurso, nosso carinho

Nosso amor de repente
Um flash, um raio capturado
Um sonho alado
Toda hora abatido pelo passado
Pelo presente
Um futuro à frente sempre ameaçado
Um amor pendurado no abismo
Como uma mão pedindo socorro
Um grito calado
Tudo isso ficou e está marcado
como tatuagem interna, que queima
E tudo está escrito nas baladas de Ana Carolina
No CD que me deu do Roberto Carlos
Naquela seleção de fados
Na canção da Tete Espíndola
Nossos gostos misturados
Isso e muito mais sempre tocarão em alarde
mesmo com o rádio desligado. Eu sei.

Nosso amor gritou no abismo
e ecoará no meu peito
Agora e depois
a despeito de qualquer desaponto, desconto, atraso...
Ficou com crédito e saldo intenso
Eu sei que sou o torto não por acaso,
que poderia não ter tentado
Ficado na minha
Deixado tudo certo, no errado
Mas meu coração foi na frente
Perdi o comando
Fiquei todo ferido, confesso, descompassado
Não teve jeito
A fissura foi larga
Mas também tenho pedras no fundo
Resisto (eu acho)
Mas não pense que estou caindo fora,
ou desistindo...

O nosso amor é lindo
Você faz parte de mim (um pouco) poderia ser todo (toda),
mesmo que tenhamos ido só até a primeira curva da estrada, não tenho dúvida.
Mesmo sob a tempestade,
tudo fechado e eu esteja meio sem sentido
Sentido, ferido
Mas nada que não se conserte
Com uma sutura
Ou um transplante...
Mas já sinto a falta dos seus torpedos
na madrugada
Suas ligações ao meio dia
Nossos risos, seu olhar de soslaio. Raio que me fulminou e fulmina, sempre.
Se eu chorar, te garanto
Ninguém verá
Você é meu secreto mais bem guardado
e será...

Nosso amor foi diferente
Quente
Querido e gostoso e me feriu rente
Teve gosto de alho
Pizza de gorgonzola
Aquela cerveja preta na noite
O sushi, e o primeiro beijo quente
no meio da tarde
Você não sabe, mas ainda me arde e queima por dentro
a mordida no cangote
o chocolate naquela manhã de domingo.
Eu perdido no trânsito,
sem endereço e sem saída, de repente.

Entenda!
isso não é uma despedida, nem desistência
Estou quase inteiro (eu acho)
Mas não vou ser "o chato" e insistente
Se achar que ainda valo algo, me liga que eu te acho.


Meus escritossão verdades inventadas, fatos adulterados, fingimentos diversos; tentativas de pintar um quadro, fazer um canção, escrever um livro.

 
Autor
Raul Los Dias
 
Texto
Data
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1810
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/06/2008 12:21  Atualizado: 04/06/2008 12:21
 Re: UMA CANÇÃO DE DESPEDIDA E RETORNO
Gostei do poema direto,alongado, sem perder o ritmo e o tema. Lembra uma canção de amor desesperada. E o amor anda mesmo sempre à beira do abismo. Daí o encanto.