não consigo esquecer-me dos dias e dias que passei às voltas sobre mim mesma quando parti, nada te disse e com as malas já prontas levantei-me e saí sem te dizer adeus, não acredito no adeus, não acredito no sempre, custa-me acreditar no nunca mas acredito em ti, é por acreditar tanto em ti que nunca te perdoei porque nada há para te perdoar, a culpa só a mim pertenceu, nunca a ti. e tu perdoas-me? triste de quem julga que será feliz para sempre porque passa o resto dos seus dias preocupada com o sempre e esquecesse do presente, eu sei que sou feliz contigo e não penso no sempre meu amor, não penso porque quero viver o presente e quero espreme-lo ao máximo para lhe tirar todo o sumo.
hoje quando recebi a tua carta estava a pensar pegar no carro e conduzir até ti, será que me receberias de braços abertos? sei que andas confuso e os teus braços encantam-se com qualquer mulher mas nenhuma te prende como eu. porque resistes então? o que perdes se me vieres buscar? porque me pedes para voltar? não podes tu simplesmente buscar-me?
não sei. eu já não sei quantos dias passaram desde que parti daí e me enterro aqui, não sei porque rasgo todos os calendários e não conto os dias com medo de me perder em arrependimentos e tragédias. quem me fez gostar-te assim sabia que nada nos havia de separar.
eu não te perdoo meu amor porque nada há a perdoar, eu não me arrependo porque fiz o que tinha de ser feito e tu? tu não penses mais em despedidas e começa a preparar a chegada, a entrega de braços, de corpos, de bocas, de beijos. ai meu amor se a saudade matasse como os poetas dizem eu já estaria morta mas é da saudade que tiro a força para ainda te esperar.
p.s. quanto à almofada que esqueci na tua cama? foi propositado, queria que ficasses com ela. aconchega-te a ela e descansa meu amor.
. façam de conta que eu não estive cá .