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SENHORES DO AR URBANO

 
 
SENHORES DO AR URBANO



Sobre horizontes de ferro,
Vicejados no solo do ranceniásico reino da garoa,
Trabalham filhos errantes de todos os brasis:
São pássaros que deixam seu ninho natal
Para erigir castelos, escudos e auréolas de aço
De maneira a fortalecer, guarnecer e ornamentar
As nossas selvas de pedra, além de derramar
Infindáveis córregos de vis-metálicas alegrias
Na boca dos estupradores da Rainha das pátrias sem soberania.


É de se impressionar a tamanha intrepidez:
O medo da fome, da desonra, da contemporânea languidez
É o combustível para que estes Homens
Suplantem o torpor, os soturnos
Pensamentos
E queiram ser a companhia íntima do cume maior de todas as montanhas,
Inclusive as de cimento:
Quem é ele?
O Firmamento!


Ah, agora sim, eu posso dizer com transbordo de contentamento
Que de fato existem grandes criaturas,
Pois naquelas humildes almas,
A minha medíocre e vã pessoa
Contempla a fronte de fluorescência dos manarcas das augustas alturas
Em evidência.

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

TAGS: E A PEDRA AFLORA DA GENTE;
E A GENTE AFLORA DA PEDRA;
E A PEDRA AFLORA DA TERRA! JESSÉ BARBOSA DE
OLIVEIRA
 
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jessé barbosa de oli
 
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Enviado por Tópico
Amora
Publicado: 02/06/2008 16:03  Atualizado: 02/06/2008 16:03
Colaborador
Usuário desde: 08/02/2008
Localidade: Brasil
Mensagens: 4705
 Re: SENHORES DO AR URBANO
Seu poema convida a uma reflexão tão necessária!
Obrigada!

"Trabalham filhos errantes de todos os brasis:"

Xangai canta:

"Depois de tudo pronto,
tudo feito e tudo arrumado
no bronze que foi lavrado
só deu nome de doutor..."


"precisaria de uma placa que seria
bem do tamanho da Bahia,
de Juazeiro a Salvador,
pra que coubesse o nome de quem merece,
de quem vive construindo:
homem, mulher e menino,
que é tudo trabalhador..."




Amora

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/06/2008 16:39  Atualizado: 04/06/2008 16:39
 Re: SENHORES DO AR URBANO
um poema-paisagem, retrato que grita, lamenta, avisa, e na intensidade da própria poesia, é o ferro, a matéria, a vida escoando pelas ruas de um universo em constante ebulição, estou lendo seus poemas, e me agrada essa verborragia de poesia e sentidos que nos inunda o olhar diante de tua poesia, um abraço!