A viagem segue tranquila. Deslocação média /curta, cerca de uma hora, ao volante do utilitário que serve para ligar A a B. Na opção de percurso, uma primeira etapa em estradas nacionais, tomando posteriormente a auto-estrada. A solução, talvez custosa em tempo, não muito por certo, permite poupar quilómetros neste caso, e retira monotonia à condução. Na beira da estrada, de frente para mim, um homem apoiado numa parede senta-se, ou não? Havia ali umas pedras, que dão um óptimo banquinho para descansar. Mas já passou, já não se vê o idoso, nem as pedras, nem aquela expressão… A dúvida instala-se. Havia algo, talvez sofrimento, na face marcada, talvez apenas a ferrugem, a dificuldade dos ossos a dobrar. Num segundo, ficou a posição desconfortável. Os pés arrumados da parede, pouco mais ou menos… meio metro. O rabo e costas aí apoiados, aliás, como os antebraços meio abertos. Estaria talvez alguma das pedras por baixo, ao seu endireito, ou apoiando-se, ficou nos espaços entre elas. As mãos parecem procurar amparo, ou agarrarem a vida. A sentar-se, a erguer-se, ou uma partida da sorte…
Para descansar o sítio é bom, soalheiro. Para morrer, tão bom como outro qualquer. Pena é não ter parado o carro, ou dado a volta, para saber, para ajudar alguém, nem que fosse a passar o tempo fazendo-o rir. A rir da sorte, ou a ter a sorte, de ter alguém, para o ajudar.
Boa semana!
Garrido Carvalho
Maio ‘08