Fatal momento
Será distante, casualmente eu,
Não passarei de um pensamento.
Fechado na noite
Olhos de vidro respiram chuva,
Brilho de Inverno,
Nuvem suja de pó,
Qual alma serena de perder sem dó.
Fatal momento
Das portas abertas
Das cercas da minha guerra
Despedida terna, amada flor
As tuas mãos são névoa.
Desiquilibrado o dia
Da terra para onde parto
Ausenta-se nua e fria
A alma insistida
Com que me vestia.
Queria não parar de correr...
Fatal momento
Entorna-me o beijo, desalento,
Vâ esperança, ser espírito livre
A vaguear o teu pensamento
Sem asas feridas, voar o tempo.
Um tempo que não passa.
Designado a não ser nada
Sem olhos, chama viva e clara,
Coração embala distâncias
Da arte não sou mais nada
Deixo ao teu critério, esperanças.
Fatal momento
Experimenta-me do silêncio
Contendo
Luz da vela onde te respiro
Suor do corpo onde me abrigo.
Queria não parar de te ver...
E nunca desistindo
Afogando o pensamento triste
Acordada a alma cansada
Estou convencido, respiro,
Deitado a teus pés
Sinto-me a alma mais amada.
Fatal momento
Deixa-me a pensar...
Quero estar aí.
Quero acordar.
Queria não parar de te ver.
Paulo Themudo in "Silêncio Transparente do Meu Corpo" - 2007