Pela primeira vez, nesta vida que levo, decansando nos ramos do céu, lugar paradísiaco, provo o fruto intenso do corpo... Comunguei com o anjo.
A estrela que cai, rumando a um horizonte impávido de luz, sereno e cobrindo o rosto que à minha sina impus.
Ideias de ser gente, ou igual ao lugar onde descando, eternamente, palavras o oxigénio transforma, gota de água descansa o mar insaciado, o sabor das lágrimas leva-me a qualquer lado.
Dividi o corpo com a alma, espírito fica sangrando, não mais... O anjo caminha este prado, paisagem do céu manipula o espaço, de todas as esferas que vi, escuridão e luminosidade, fica-me este cenário inacabado, ser humano, pecado.
A porta abre-se pesada, rangendo, são os dentes cerrados abandonando o presente para reflectir novo mundo, o ser humano encarnado.
Pela primeira vez ouvi, ou senti, mãos dadas em contigência do tempo presente, o ser amou e odiou, a esfera de vidro o sol trespassa, bainha de espada guerreira, os corpos deitados, alegoria desta farsa.
Componho a peça, torneando as páginas que a paisagem deste livro encenam.
Surdo, não ouvi os sons, desesperado corro apressadamente, agarro o título deste livro, brasão da minha existência a descrever o mundo.
Sem distinção, realidade ou fantasia, surge na magnitude da luz que se deita, um ser imaculado, eterno, movimentando as asas conquistadas do céu, batalha da vida, deixamos de ser humanos abrigados na luz que um Deus nos deu.
Resta-me ficar, alimentando as vozes deste teatro no assombro das mãos que gritam, clamando por socorro.
Era o anjo... Partiu.
Fiquei.
Paulo Themudo