Eu surgi do nada...
Terra molhada, os pés descalços
Dão de beber desta eterna morada
Os princípios da alma e das gentes.
Sou um ser mendigo
Esperançado que a vida se maravilhe
Do meu cansaço da luta
Fica o sorriso imaculado do meu ser.
Ser gente deste tempo.
Senti que o ar que respiro
Da sua pureza me traz
Nas mãos este momento intensificado
Da vida pobre, minha veste , o vento,
Fico implacávelmente escravizado.
Avizinham-se de mim as vozes
Emudeço nas multidões alheias
Cresço, sem horizonte,
Mar das trevas, a praga antiga
Esbofeteia-me com a palavra mendiga.
Sou pobre...
Imagino então,
Enquanto voo o salão nobre
Que é o lugar onde me sento
Da vida o espectáculo, o circo,
lugares onde me alvoracei, reconheci.
Da vida...
Não desisti.
Paulo Themudo in "Fui... O que já não sou!..."