Dislexia Global
Num mundo que é quase nosso, pois dispomos de quase tudo na ponta dos dedos, o que nos pode faltar para atingir um nível razoável de felicidade?
Hoje sentados no sofá damos a volta ao mundo em 5 minutos num zapping frenético, saltamos de país em país com uma só clicadela, conversamos, amamos, odiamos, matamos os nossos arqui-inimigos num jogo de realidade virtual.
A globalização deu-nos isto tudo, uma infindável variedade de produtos, um infinito leque de programas, uma insaciável fome de consumir mais e mais. Trouxe-nos os direitos, livrou-nos das intermináveis 12 horas de trabalho, deu-nos o direito ao voto, e livrou-nos dos tiranos e da escravatura.
Mas será a globalização um mar de rosas?
Embora nos tenha dado acesso rápido aos media, nos tenha “oferecido” automóveis para uma mais fácil e pratica deslocação, nos tenha disponibilizado mais e mais variedade de alimentos, mais e mais comunicação, mais e mais facilidade, mais e mais meios para nos exprimir-mos, também nos tirou, por outro lado, o objectivismo, a tradição pela qual os nossos pais, avós, tios tanto lutaram. Levou-nos a competitividade laboral, descentralizou-nos de nós próprios encaminhando-nos para os estereótipos “Perfeitos” de uma sociedade utopicamente sã.
Levou-nos a acreditar que o capitalismo, por vias do consumismo mesquinho e devoto, era a solução, quando na realidade o capitalismo contribui, de certa forma, para a Ditadura Democrática (contradição). Chegam-se a desvalorizar ideais de igualdade, justiça e liberdade. Chega-se a pensar que se é livre quando de facto a sociedade nos prende pelos “tomates” a uma vida igual à de muitos e muitos outros.
A manipulação crescente dos media é um fenómeno tão actual e que, de acordo com o pensamento presente, nos parece lógico acreditar no que vemos.
Visto que o olhar da população, se concentra principalmente no televisor e raramente tenta obter conhecimento através de outro meio, somos obrigatoriamente manipulados por uma informação pouco concisa, baseada em “Lixo” publicitário que nos induz na ilusão de que o que vendem (ou tentam vender) só nos faz bem. Quando de facto só nos prendem ás suas teias.
Mas quem estará por de traz disto tudo? Quem criou a Globalização e porquê? Era isto o que queriam quando a pensaram?
Kofi Annan
“It has been said that arguing against globalization is like arguing against the laws of gravity.”