Está mal, aquele pensou
e pensou-o sem querer.
Foi quem quando começou
foi logo a perder...
Que azar, que azar!
Retorquiu à família, de manhã cedo,
nem sai à rua para não o chamar,
até da sombra do azar tem medo...
Ora bolas!
(tudo lhe corre mal)
dos sapatos perdeu as meia-solas
e em tudo é anormal!
Quer mudar de vida
e ter outra, ser eterno.
Esta já está perdida,
vai fazer doutrém um inferno!
Mas não o faz de propósito...
a sua viagem parece um acidente,
em que tem na reserva sempre o depósito...
É uma péssima gente!
Sou fiel ao ardor,
amo esta espécie de verão
que de longe me vem morrer às mãos
e juro que ao fazer da palavra
morada do silêncio
não há outra razão.
Eugénio de Andrade
Saibam que agradeço todos os comentários.
Por regra, não respondo.
Eu não sou mau, sou péssimo...