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Sem palavras, sem nada!

 
Sem palavras, sem nada,
Agora que não tenho nada, poderei dar valor ao que sinto,
Mas com calma, sem pressas, sem nada,
Com honra, mas sem destino, com um caminho
E não com um objectivo.
Serei sempre eu,
Eu, eu, eu, e eu outra vez,
Ate que me seque o sangue
E se morrer, morrerei de queixo erguido,
E não como um infiel á vida, não como um perdido
Vencido, não serei porque confio na verdade
Nego as mentiras com calma, sem pressas, sem nada
Tal como o vento faz, marcado presença sem se deixar ver
Darei o meu melhor a todos os que me merecerem ter
Mas agora, sem palavras, sem nada,
Escrevo ideias, pensamentos inaptos e talvez um pouco de certeza
Mesmo assim, sempre sem pressas,
Sem ilusões que a mim nada me interessam.
Faço-me ouvir, mesmo que por entre linhas,
Faço-me sentir, ainda que sem nada.
Um pouco de ar, um pouco de nada,
De tudo já tive e agora, outra vez, sem nada.


Michel Carvalho

 
Autor
Razoro
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