Sem palavras, sem nada,
Agora que não tenho nada, poderei dar valor ao que sinto,
Mas com calma, sem pressas, sem nada,
Com honra, mas sem destino, com um caminho
E não com um objectivo.
Serei sempre eu,
Eu, eu, eu, e eu outra vez,
Ate que me seque o sangue
E se morrer, morrerei de queixo erguido,
E não como um infiel á vida, não como um perdido
Vencido, não serei porque confio na verdade
Nego as mentiras com calma, sem pressas, sem nada
Tal como o vento faz, marcado presença sem se deixar ver
Darei o meu melhor a todos os que me merecerem ter
Mas agora, sem palavras, sem nada,
Escrevo ideias, pensamentos inaptos e talvez um pouco de certeza
Mesmo assim, sempre sem pressas,
Sem ilusões que a mim nada me interessam.
Faço-me ouvir, mesmo que por entre linhas,
Faço-me sentir, ainda que sem nada.
Um pouco de ar, um pouco de nada,
De tudo já tive e agora, outra vez, sem nada.
Michel Carvalho