Poemas : 

pestanas do silêncio

 
Tags:  respiração    metabolismo    diafragma  
 
doiem-me
as pestanas do silêncio, rectas, pontiagudas
a perfurarem inépcias
de pálpebras roxas enrugadas pelo tempo.

doiem-me
membranas, diafragmas em permanente esforço
de manter viva a respiração
em movimentos arrítmicos
indolências
de inspiração
de expiração metabólica

e este vento contundente a exercer pressão
a colar a pele da alma
à medula dos ossos, ao esqueleto,
quais asas qu'híbridas fervilham em meu dorso
ave
mulher
volátil ser

dói-me, maior que o sol do deserto,
este gesto confesso e insistente em que persisto
na inabilidade d’embalar os astros
de dar guarida a estrelas
nos meus braços moribundos
e, levianamente
lhes chamar … poemas.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
matilde
Publicado: 26/05/2008 11:37  Atualizado: 26/05/2008 11:37
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Usuário desde: 25/05/2008
Localidade:
Mensagens: 25
 pestanas do silêncio Mel
Minha cara escritora os seus poemas são um poço de delicadeza e bem-escrever. Avisaram-me da sua escrita e logo me entretive a ler e qual não foi o meu espanco quando me deparei com os mais belos poemas algumas vez escritos. Na minha pequenez olho a sua grandiosidade sem saber como poderei defini-la.
Digo-lhe que me espanta saber que você escreve com tamanha qualidade e assiduidade.
Este poema é lindo em forma e conteúdo e revela-nos muito da sua forma de escrita tão incrivelmente peculiar.

Saudações literárias

Fico à sua espera no meu também.