Palavras…
Da varanda perdida do meu mundo, horizonte adormecido nestas mãos calmas que olhos de verão acordam.
Não tenho palavras caras! Não as conheço… A alma inflige um movimento fatal que mão de Deus desenha a traço fino, o rumo, horizonte padecido de sonho amarga a voz deste silêncio reinventa o meu esconderijo adormecido.
Dentro de mim vivem e morrem todos os dias, são desenhos de flores sem cor, sombras gigantes de medo estendem os tapetes vermelhos da minha realeza inadmissível.
Sangue nobre guarda as veias, palavras são nada ou mãos cheias, do pouco que a calçada oferece, meu alimento é o tempo.
Não tenho palavras caras! Tenho fantasias, castelos dominados por princesas, dragões lutando com os meus fantasmas, espelho absorve desta face pálida o que resta de ser tudo ou nada.
Acordo, sonâmbulo todos os dias, tropeçando, deambulando num copo de água que é a minha sede absorvida.
Sou criança, nasci agora, não vi nada, as garras desse vento debatem-se nas costas sofridas, o coração consome, alma gasta, palavras velhas, são estas, resultados de ilusão e mentira.
Tenho este sentimento, tenho esta fé em mim, nasci a acreditar que vivendo o sonho nada mais teria fim, mesmo nos dias em que acordo apático de mundo e de todos, tomo ainda o gosto de algumas palavras, esperançado que o livro que as mãos lavram com recados, tenha finalidade.
Não tenho palavras caras! Tenho as minhas, que são a face, que são o choro, que são silencio, que são verdades ou mentiras neste sonho assombrado onde me escondo.
Estico os braços, a varanda perfeita, voam no ar versos, são a minha vestimenta, de alma que se deita.
A varanda do meu mundo espelhos redundam, a paisagem, fantasia e sonho numa só imagem. Os meus gritos confundidos na brisa que passa, palavras…
Queimadas, carenciadas, são as minhas, não são devotas sensatas, muito menos caras!
Entretenho os dedos, jogando ao ar pensamentos, são crianças que correm desesperadas para a boca de um Deus, só meu!
São estradas que principiam sombreadas, estendidas nas mãos iluminadas de um qualquer anjo no percurso de umas escadas.
O céu suplica-me essas palavras, as que eu não dei…
As minhas palavras, não são palavras caras! Mas…
Talvez na pronúncia deste meu silêncio, a alma nobre dê sujeito ao sangue, estes olhos cansados de chorar, tão tristes de ver o mundo, sonham! Sim… Sonham!
Haverão sempre crianças nas minhas palavras, haverá sempre caminhos nas estradas, mãos cansadas serão sempre alimentadas, nada faltará, jamais! Enquanto eu…
Enquanto eu tiver palavras, mesmo que não sejam as mais caras!
Paulo Themudo