Na margem
Eu busquei o Outono
Quando me acordou a Primavera
Como o primeiro homem em terra estranha
Os teus cabelos queimavam-me o rosto
Na flor
Semente do sol bebi-te a sombra
Os dias azuis nas tuas veias onde me afogaste
Beijaste-me mesmo ao virar da esquina
A um ritmo social contemporâneo
Nem foste deserto nem foste prado
O teu vestido...
Ciclo incógnito da vida
Que bem lhe batiam as ondas da praia!
Na prisão imbecil do meu corpo
Deixaste-me na outra margem
Fizeste-me secar as palavras molhadas
Nos meus lábios...
Deste-me a comer
O teu coração maçã fria!
Manuel Feliciano