FEITIÇO DA ILHA
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FEITIÇO DA ILHA
(Jairo Nunes Bezerra)
Sento à mesa no terraço e mais uma vez contemplo o mar, ouvindo o rosnar das ondas. Lá, no horizonte, meus olhos conseguem vislumbrar o vai-e-vem do Pão de Açúcar, que exibe na sua parte inferior a Ponte Rio/Niterói, como se fossem os seus pés, verdadeiro mediano ótico. As montanhas se destacam dando continuidade ao verde das árvores, verdadeira Floresta Atlântica. Mas a beleza se reflete mais à minha volta, onde, proximamente, figuram rosas variadas andantes. E o poeta embevecido sente a inspiração emanada desse jardim. E poetizar é a sua ansiedade.
Já é entardecer... Os pássaros, aos poucos, se recolhem. Algumas estrelas apontam no céu, hoje claríssimo com pequena tonalidade cinza.
De repente, concentro-me num barquinho que solitário navega nas águas de Copacabana. É quando prevalece a lembrança de tempos idos em que fazia parte também daquela solidão.
Acaba de chegar Helena, com uma garrafa de vinho e cálice de cristal, que refletem os poucos raios do entardecer com cor arroxeada. Helena, meu anjo da guarda, que espanta a solidão, lentamente despeja o vinho na taça, com um sorriso maroto.
Ao sair, diz que regressa logo com o tira-gosto. Brinco... Não tire nada, quero que no gosto fique. Ela exibe seus lábios carnudos, uma dádiva divina, que merece sorvete, e diz: Posso ficar em sua companhia?...Balbucio... É...Fique.
E ela aqui está ofuscando a beleza que me cerca. Rabisco o papel sem vê-lo. Meus olhos estão fitos no par de coxas à minha frente que abrem e fecham como estivesse acompanhando uma canção. Fui salvo da tentação, com a saída rápida de Helena.
Chegara o casal que gentilmente me acolheu.
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