Afecto...
Mesmo que insistas
Que eu caia em lodo
Embriague-me na tristeza
Seja cruel tal qual
ferroada de uma abelha,
Mesmo que eu saiba
Que distante condenas-me...
Por não possuir bago que destrói,
Recolho-me ao silêncio
Vagueando entre pétalas de lágrimas,
Lamentos íntimos do meu eu.
A tristeza que tanto afugento
Desagua sem pedir licença.
Forças quase exauridas,
Insistes em saber
O que queres de mim?
Já te dei o meu perdão,
A minha indiferença,
O meu amor,
Nada quiseste!
Se não têns capacidade
De sentir felicidade,
Desagúe tuas dores
noutro jardim,
Nem tentem matar-me
Com o vosso fel envenenado,
Mesmo rolando em lágrimas
Repouso a borboleta
que paira em meu jardim,
Quieta, mansa, sedosa
Tal como o afeto
Que conduzo dentro
de mim...
***
Abílio Pereira
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