Vienna adormeceu, chegou a hora das palavras.
Relutante, luto contra a calmaria desta noite
para escrever mais uma música, mais uma poesia.
Procuro-te em cada lâmpada escondida da cidade,
encontro-te dentro desta alma não adormecida!
Vienna adormeceu nas luzes mortas encandeadas,
vazias de qualquer baque que resista e se afoite.
Quero-te, desejo-te dentro do som de uma melodia
que me liberte, que me leve para longe da realidade
e me entregue nos braços da consciência esquecida!
Vienna adormeceu, resta-me agora a tua ausência.
Restam-me apenas as saudades vendidas ao tempo.
Restam-me os sonhos embalados no pausado mutismo.
Restas-me tu intensamente perdido no meu pensamento.
Resto eu absorta de sentidos pela distância que nos separa!
Dorme Vienna. Dorme sem fragmentos de consciência
que os sonhos, esses, leva-os a vontade do vento.
Aqui e agora, envolvo-me nos escombros do realismo
e descubro que não te posso ter neste delirante momento.
Quem sabe amanhã... quem sabe se o tempo pára!