Quando o tempo passa
Paulatinamente
contei as pedras
obstáculos de uma vida
sobressaltos existenciais
gigantes de outrora
pequenos seixos
agora
Alturas houve
terríveis
instransponíveis muros nasceram
precipícios insondáveis
se abriram
querendo tragar-me
sem dor
Dias negros
nuvens baixas e pesadas
destino fatal
se abria a meus pés
solução final
resolução tão simples
de fim de caminho
Olho para trás
agora
degraus ridículos
pequenas arribas
muretes e neblinas
dias de pouca luz
afinal
Lentamente
o tempo passa
tudo aplana
da mais alta montanha
à mais profunda cratera
iluminando até
a mais escura noite
O tempo arrasa
o que nos arrasou
amaina
o que nos alterou
dá esperança
a quem desesperou
... afinal
Doctorstrangelove, Novembro 2005
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