Miopia de brinquedo.
Detalhado.
Escreveste em português,
mas sobre tudo perguntastes.
Casa comigo.
Dá-me os teus óculos.
(Inda estás perguntando?)
Ou viste desfocado
ou escreveram mal o teu nome.
- Oh menina! passe aí a encomenda!
No triim-triim da bicicleta
foste as palavras.
E o medo tampouco foi original.
Se fosse
só o medo de ti ao escreveres a eles,
estavas bem aqui,
sentado na proximidade das palavras.
Cabeça ortográfica.
Cabeça de costas para o país.
E coração indignado
de escrever (vamos lá ver!) em português.
(Ou algo próximo disso)
(é que não entendo “O’Neillismos”)
Onde foste abandonado?
Quem te abandonou?
Sei que as palavras te vigiaram.
Pesas no meu inconformismo
ao passo que não nasci cá,
mas também sou português,
um que escreve mal,
e nunca escreve bonito.