Não sei se estou acordado
ou se durmo por ai em qualquer lado.
Será que o que escrevo é sonho
ou é um estado de vigília assustado?
Tão pouco sei se quero saber tudo isto,
se acordado ou a dormir eu existo!
Não conheço este sentimento,
nunca o vi antes, nem pedi para vir.
Mas já era tarde, quando percebi,
que ele já tinha conquistado a porta
que eu pensei ser inviolável
mas, sem saber, havia por ai outra chave,
tão simplesmente, capaz de a abrir.
E assim entrou em mim, enamorou-se
com uma qualquer lembrança de criança,
ali vive, ali mora e encontrou novo lar.
Canso-me com esta confusão instalada
de sentir cada célula desarrumada.
Sinto-me exausto de tanto limpar
citoplasmas cheios de migalhas de palavras
que não foram ditas por ele ou por mim.
Sem conseguirem sair dai, intoxicam o corpo
e em novelo de fio de veneno prendem a alma.
Como não bastasse, a qualquer hora do dia,
quando não se lava na alegria do tom calado
da água que envolve toda a minha aura,
acomoda-se no agasalho do vulto vermelho
do lençol de sangue das minhas veias
despidas de vida, cálidas de tristeza.
E eu, desposado de todo eterno haurido
não consigo distinguir o sujo do branco.
lanço-me no sonho sem querer acordar.
Será este sentimento o meu morrer?
Se o for, para ele também deve ser.
Pouco importa, nunca o chegarei a saber,
apenas sei que guardo uma lágrima,
escondida em algum lugar em mim,
que nunca irá cair por ele, ou por ti,
porque morrendo eu volto a viver.
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