sem pudor
nem mácula
como água clara e límpida
que beija as margens magoadas de um ribeiro
gota a gota
boca a boca
vasos comunicantes
em cascatas clorofilinas de saliva
em hemofilias sanguíneas
as tuas mãos, audazes, envolver-me-ão
a cada final de tarde num terno véu
de sal
de seiva e liberdade
pó
greda
forma difusa
ainda
obra imperfeita e inacabada
em progressão
no dilacerar d’horizontes em que se escorrem líquidos
lágrimas
ansiedades
mágoas
[e saudades]
sucumbiremos vivos em estradas rectilíneas de verdade.
sem pudor
nem mácula
abrir-se-ão em nós portais de Neptuno e ogivas de catedrais
e os nossos corpos até então, ímpios, regurgitarão
do sepulcro do tempo antigo, doutrinados
no fulgor sublimado de chama Olímpica
sem pudor, amado …
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