No avesso da história,
Os heróis se confessam em silêncio.
O tempo, paciente, recolhe os fragmentos
Que a vitória esqueceu de narrar.
Toda história é uma moeda lançada:
De um lado, a glória;
Do outro, o esquecimento.
O tempo, sorrindo, guarda ambas no mesmo bolso.
O tempo não narra, coleciona.
Entre linhas apagadas e ecos roucos,
Ele sussurra:
"A verdade também envelhece."
O outro lado da história
É um jardim de vozes caladas,
Onde o tempo cultiva
As flores que ninguém quis ver.
Contar é escolher.
O tempo, imparcial, não escolhe —
Ele apenas deixa que as histórias se desmanchem
No vento da memória.
Entre o que foi dito e o que se perdeu,
O outro lado da história cresce,
Uma sombra que o tempo
Alonga ao pôr do sol.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense