Poemas : 

Clarão

 
 
Ana escapa-me,
não cabe aos olhos:
anjo de pedra,
em pleno voo,
sem asas
— vosso espólio. 

Ana é a névoa
acima da manhã,
sem corte de luz,
(estridente da lâmina,
som de espanto
que se traduz)

é a paleta em lodo
do fim de tarde
onde Borges
pisou em lama.

Nem toda luz trafega
para se ver:
Ana é o clarão
que cega.

Em seu labirinto, Ana,
toma o tempo a tatear
na artéria,
a secura da ausência
viva na memória,

dorme feito Ofélia:
imagem a ferir
os olhos.

 
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luscaluiz
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Enviado por Tópico
Paulo-Galvão
Publicado: 22/04/2025 16:23  Atualizado: 22/04/2025 16:23
Usuário desde: 12/12/2011
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Mensagens: 1633
 Re: Clarão
Olá lucas,

Bela fantasia, A Ofélia é a de F. Pessoa?

Abraço
Paulo