Precedem os antigos, mais honrados
Pequeno era o proscénio e valeroso o acervo
Rumando venturoso p’los nigérrimos mapas
E pregoando a mais que tal chão fizera seu
Consumindo o homem que o relho fez servo
E liberando de cego trilho penhas e solapas
Dividia sã aliança glória qu’os enlouqueceu
E correra os rios serpenteados pelos montes
Montes desvirgados à chuva e áspero vento
Ousado nascido das loucuras d’Euro e Noto
Saciando a sede na água das tantas fontes
A fome que rouba ao chão tão puro alimento
Nudez ao novo mundo que à vida foi devoto
Trazia Zambeze, Cuanza, Cuango e Cunene
Ideia de querer e ver chão em caminho luso
Gravando nesta pátria e no seu peito calmo
O mapa de África com a seiva de Hipocrene
Sonhava o Capelo e o dito vulgacho profuso
Mundo novo do Mar de Atlas ao Índio almo
As asas que batiam naquele céu azul-água
Irreverentes como as palavras desse sonho
Sequiosas de viçoso horizonte dia após dia
Haviam d’ir tão longe quão materna bágoa
Onde semeada daria vida ao chão bisonho
Noite e dia ao desejo qu’em seu olhar luzia
Regalengo o chão e o homem que o levanta
A mão que desbravou o almejado amanhã
Doído o infinito e o tempo que aqui acabou
O humano corpo gasto pela esperança vilã
Saboroso o horizonte que a pátria encanta
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma