Mesmo que o tempo passe,
Mesmo que o mundo gire mil vezes,
A lembrança dos teus olhos
Ainda me envolve —
Doce, profunda, feroz.
Fecho os olhos e lá estás:
Não em corpo, mas em brilho,
Não em palavras, mas em silêncio,
Um silêncio que grita teu nome
Nas madrugadas vazias do meu peito.
Tentei esquecer-te mil vezes,
Mas como se esquece um pôr do sol?
Como se apaga da alma
O que um dia foi luz?
Teu olhar é porto e tempestade,
É abrigo e vertigem,
É a linha tênue entre sonho e saudade.
E eu, que já quis seguir em frente,
Me vejo parado — preso nesse instante
Em que teus olhos cruzaram os meus.
Deixar de te amar?
Talvez um dia.
Mas antes preciso aprender
A viver sem tua luz
E a aceitar a escuridão que resta.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense