Poemas -> Amor : 

Leve

 
 
aos moldes da poesia contemporânea

p/ Ana Paula Barros

nas horas mais comuns penso
você sentada diante uma paisagem
onde a beleza das montanhas
escorre pelos olhos

porque a beleza parece fadada
a acompanhá-la
feito Eros à Afrodite

e os seus traços desde sempre
são o de algum pintor exímio

e hoje pensando um pouco melhor
sobre os aspectos importantes
da vida

penso

em você
em algum verso de Cecília
ou Bandeira
no riso espontâneo dos sobrinhos
(lembram os olhos de Sacha)

e concluo: a beleza é leve

mesmo se recaia o tempo em mim
espalhafatoso feito uma bigorna

sobra uma perplexidade qualquer
ante a sua ação:

é sempre no mais comum
das horas
a sua chegada em meus olhos

mesmo partindo dos sonhos
a poesia colhe esta rosa singela
antes que a realidade a leve

 
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luscaluiz
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Enviado por Tópico
Alemtagus
Publicado: 18/04/2025 17:37  Atualizado: 18/04/2025 17:37
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 Re: Leve p/ luscaluiz
A imagem do jogo de palavras entre leve e leve, entre título, conclusão e fim é extremamente interessante e cria ao leitor desatento (se o houver) a sensação de desnorte. Já os pratos da balança... coitados (perdoe-se a chalaça), não têm hipótese, são enganados pela leveza da bigorna. Gostei da constância dessa(s) analogia(s) às lágrimas ao longo de todo o poema, parece-me que são elas o elo de ligação entre tudo.