Repetidamente inscreve-se
a sílaba num silêncio escrito
a dois.
Perpetua-se o eco de vozes antigas
a pele da memória
a reviver o peso da ausência.
Enredam-se as vírgulas
sufocam
suprimem-se
iludindo chamas de um tempo
a adormecer sobre os ombros.
Insinuam-se sobressaltos
e há medos que gemem
fantasmas de uma força maior
espalhando palavras contra os muros
que o vento insiste em rasgar.
E uma sede feroz a consumir a razão
um pulsar
a recusar-se a ceder.
Acumulam-se as sombras
persiste o desejo de romper o vazio
de reinventar cada vírgula
de cravar o verbo no peito do impossível.
Procura-se arranhar a verdade.
Deserto definitivo de uma sede sem nome.