Poemas : 

A sede

 

Repetidamente inscreve-se

a sílaba num silêncio escrito

a dois.




Perpetua-se o eco de vozes antigas

a pele da memória

a reviver o peso da ausência.




Enredam-se as vírgulas

sufocam

suprimem-se

iludindo chamas de um tempo

a adormecer sobre os ombros.




Insinuam-se sobressaltos

e há medos que gemem

fantasmas de uma força maior

espalhando palavras contra os muros




que o vento insiste em rasgar.




E uma sede feroz a consumir a razão

um pulsar

a recusar-se a ceder.




Acumulam-se as sombras

persiste o desejo de romper o vazio

de reinventar cada vírgula

de cravar o verbo no peito do impossível.




Procura-se arranhar a verdade.

Deserto definitivo de uma sede sem nome.




 
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idália
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