O homem eterno
É um eco do infinito,
Um sopro de luz
Aprisionado no cárcere da carne.
Sua alma, imortal e errante,
Veste-se de tempo
E esquece-se do seu verdadeiro nome.
Cada batida do coração
É um chamado para o alto,
Um lamento silencioso
Da eternidade que habita o transitório.
Os ossos são grades,
A pele é véu,
E os olhos, ainda que janelas,
Mal vislumbram
A vastidão que os aguarda
Além do horizonte do corpo.
O homem eterno sonha com asas,
Mas anda com pés de barro.
Busca na matéria a centelha do divino
E, ao encontrá-la,
Percebe que ela
Sempre ardeu dentro de si.
Na despedida da carne,
Ele se reencontra.
O cárcere se desfaz,
E a alma, enfim livre,
Retorna à melodia do cosmos,
Onde nunca deixou de estar.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense