Num mundo que corre, sem pausa, sem freio,
Onde a pressa devora até mesmo o anseio,
Ousar perguntar é quase um perigo,
Um ato rebelde, um salto ao abismo.
O ruído se ergue em muralha espessa,
Atropela verdades, dilui a promessa.
Mas quando o eco se faz insuportável,
O silêncio se ergue, firme, incontestável.
E quando as certezas caem por terra,
Feito vidro partido no chão da espera,
O pensamento, descalço, caminha entre os cacos,
Tateando o novo em meio aos destroços.
Pois só quem se perde entre mil incertezas
Descobre que a dúvida é sua fortaleza.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense