Acordei,
Com uma sensação muito estranha,
Senti que algo diferente,
Se estava a passar,
Não,
Não era falta de ar,
Nem palpitações.
Levantei-me da cama,
Eu parecia flutuar,
Acerquei-me da janela,
E olhei para o céu…
Mais auroras boreais,
Por tudo quanto era céu,
Vi todos aqueles sonhos,
Que brincavam e bailavam em espiral,
No céu indefinido de tanta cor,
Passeavam-se harmoniosamente,
Bem na minha frente,
Estenderam-me as suas mãos,
Convidando-me a entrar na dança.
Saí para a rua,
Fui imediatamente prendado,
Com o mais belo tapete de estrelas,
Que se estendia mesmo à minha frente,
Em direção ao infinito.
Vejo gente alada tal como eu,
Voando sobre esta terra de ninguém,
Esta terra deserta,
Que ninguém a quer.
Eu quero voar,
E livremente vaguear,
Pelo seu imenso deserto,
Capaz de derreter gente.
Vejo a colossal montanha,
Bem na minha frente,
Apelativa,
Cativante,
Desafiante,
Apaixonante,
Mas como é tão cruel…
O seu viver.
Parece intransponível,
Mas tenho uma mão invisível,
Que me ajuda,
Que me puxa,
Que empurra.
Tenho que vencer.
Estou muito perto do cume,
Uma sensação sublime invade todo o meu ser,
A melodia,
Está cada vez mais perto,
De atingir o seu clímax,
Nesse momento estarei pronto,
Para tudo.
Aqui estou eu,
Pronto para o que der e vier,
Pouco ou muito espero,
Num universo,
Seja ele escuro ou iluminado,
Desde que seja a teu lado,
Nesta viagem alucinante,
Que se aproxima do fim,
Ou de um novo começo.
Eis que a derradeira viagem,
Começa finalmente agora.
Agora que já derreti,
E deslizei até ao fundo desta montanha.
Fui encontrado à beira mar,
Por um sonho que ia a passar,
E o sonho perguntou-me,
Se eu ainda sabia sorrir,
Pois eu tinha a cara deformada,
De tanto chorar.
Foi quando eu lhe disse,
Que tinha perdido,
O sonho da minha vida.
Tinha perdido tudo aquilo,
Que me agarrava à vida,
Foi então,
Que o sonho me deu a mão,
E em uníssono,
Chorou comigo,
Até ao romper da aurora.
Cansei-me,
De esperar,
Que os sonhos,
Que aqueles lindos sonhos,
Que me entrariam,
Porta adentro.
Não importa o quanto eu tente,
Não importa quantas vezes eu falhe,
O que verdadeiramente importa,
É não desistir.
Eu quero,
Mais que não seja.
Se um dia,
Eu puder preparar o meu funeral.
No dia que morrer…
Em troca quero…
Que as guerras parem nesse dia,
Não quero ninguém vestido de preto,
Quero que vão todos vestidos,
Como para um casamento ou batizado,
Cores alegres, muitas cores,
Quero um dia de festa,
Quero uma mesa farta para toda a gente,
Quero que todas as diferenças,
Se desfaçam nesse dia,
Ainda que seja só nesse dia,
Não quero choros,
Quero alegria ,
Que cantem,
Que dancem,
Até não poderem mais.
Eu cá estarei,
Quem sabe,
Talvez algures um pouco mais acima,
Vendo-vos a todos unidos,
Nesta minha derradeira despedida.
Finalmente será o dia mais alegre,
De toda a minha vida!
Pois finalmente,
Estarei a seu lado,
Na sublime simbiose,
Entre o espírito e o corpo,
Contemplando toda a felicidade,
Que nos foi roubada em vida!
Diogo Cosmo ∞
Eis-me de volta, meus caros leitores. Em breve voltarei a publicar mais alguns trabalhos. Obrigado pelo vosso apoio.