Poemas : 

Grata ao nada

 
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Na sombra da minha vida,
naquele canto silencioso
Estás tu, queria eu que bem escondido.


No grito do silêncio, no abismo da sanidade,
a ferida, cá fora, cada vez mais fechada,
lá dentro,
cada vez mais aberta.


Estás tão longe, tão longe para te tocar, tão perto para te sentir.
Ouço-te, mas não te escuto.
Naquele limbo entre o esquecimento e a verdade.


Choro, desespero, e grito, no grito mais silencioso que o grito me deixa gritar.
O meu coração dói… o meu coração também dói.

Sinto medo, muito medo, que no limbo caias. Sufoco que caias no esquecimento, terror que caias, na verdade.


O que é a verdade? Lembranças de um dia onde o meu coração não dói, lembranças onde eu não vivia na sombra da vida.


Ah, a sombra da vida, só para os corajosos é a sombra da vida. Só a espera entre balancear e cair é para os corajosos.


Este não é um poema de dor, nem de saudade, muito menos sobre a arte de amar. É um poema sobre o nada, o nada que no vazio mais vazio me completa.



É o nada que não me permite o esquecimento, estou grata ao nada. És o nada, só hoje sei, que prefiro que sejas nada do que sejas algo.


Poema sobre nada. É o nada que não permite o esquecimento, devemos todos estar gratos ao nada.
 
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mariaainess37
 
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Enviado por Tópico
Beatrix
Publicado: 24/03/2025 21:34  Atualizado: 24/03/2025 21:34
Colaborador
Usuário desde: 23/05/2024
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Mensagens: 507
 Re: Grata ao nada / mariaainess37
.
Olá, Maria Inês (suponho).

Sê muito bem-vinda.

Gostei da tua dissertação para primeira vez. Gostava de ver mais sobre a relação entre o vazio e o nada.

Parabéns!

Ab
Beatrix

Enviado por Tópico
Benjamin Pó
Publicado: 25/03/2025 17:18  Atualizado: 25/03/2025 17:18
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Usuário desde: 02/10/2021
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Mensagens: 606
 Re: Grata ao nada p/ mariaainess37
.
Quando perdemos algo que nos é essencial (e, mais cedo ou mais tarde, não tenhamos dúvidas, isso acontece), abraçamos com força o que restou, mesmo que seja sombra ou silêncio.

E se apenas ficar o nada no lugar do tudo, abraçamos esse nada, essa inevitabilidade de inexistência, recorrendo à memória, a única forma de contrariar o destino do não-ser.

É esse o desafio de sermos humanos, é essa a coragem que devemos a nós próprios.

Um abraço e bem-vinda ao Luso.