Há uma voz que ecoa no silêncio,
Grita nas sombras, mas ninguém a escuta.
É o canto da verdade amarga,
O lamento dos invisíveis,
O verbo esquecido antes de ser dito.
O poeta vê o tempo ao contrário,
Sente o amanhã como quem lê as veias do vento.
Cada palavra escrita é um destino moldado,
E no caos da metáfora,
Um mundo nasce antes de existir.
O fim não tem pressa,
Não se dobra aos caprichos da vontade.
Mesmo quando enterramos as memórias,
Elas florescem sob a terra,
Teimando em ser eternas.
O vento sopra e sopra outra vez,
Como um sonho inalado pelo divino.
Seus dedos invisíveis tocam a pele do mundo,
Viciados em movimento,
Inebriados pela dança do eterno.
A simplicidade de existir é um paradoxo:
Tão leve quanto o vento que dança,
Tão densa quanto o silêncio que pesa.
Ser é um ato tão natural quanto respirar,
Mas a consciência nos enreda em labirintos
Onde buscamos significados
Para aquilo que já é inteiro.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense