O Bourbon tem um sabor bem mais encorpado
Quando estamos a sós no canto isolado do bar
Naquele local onde ele é o único a estar ao seu lado
Preenchendo as lacunas traduzindo o que traz o olhar
Dali como se estivesse no cais ouvindo o que o mar
Tem a me contar eu observo os casais as juras as solidões
Talvez procurando uma forma quase sincera de ignorar
Tudo o que está gravado em meu paladar minhas confissões
Traiçoeiro ele abre portas deixando que o que era silêncio
Seja invadido por vozes rostos lembranças sonhos esperanças
E cada aroma de caramelo baunilha canela abandona o bom senso
Transformando-se em versos que caem sobre mim crimes sem fiança
E o que deveria ser uma noite passada em branco torna-se poesia
Na mesa um copo agora são dois e a garrafa quase cheia agora vazia
Anuncia que a madrugada se disfarçará de um dia fazendo de seu relevo
Minha morada onde me deito onde o orvalho molha a folha onde escrevo
Deus abençoe a poesia
Carlos Correa