A COMPANHIA DA LUA
Sou um homem livre
E a rua é meu casario
Ela que nunca se prive
Da liberdade que é meu rio
Vivo desamparado e triste
Na rua de gente séria
O luar da noite assiste
À minha terrível miséria
Ela me faz tremer de frio
É um inferno a toda hora
Nele fico gelado, e não riu
È dor que não vai embora
Até a ave que livre voa
À noite vai p’ra seu ninho
E eu num final da tarde boa
Apenas me resta um cantinho
Que não é longe nem perto
Mas ele é meu destino
Só desejo que seja o certo
Senão a noite é um desatino
Nela vejo uns olhos bonitos
Duma clareza de arrepiar
São da lua e deixa os meus aflitos
Porque seu olhar me faz pensar
Sua beleza é de tal maneira
Que meus olhos deslumbra
Aquele luar faz brincadeira
Dançando com os meus a rumba
E nesta liberdade de viver
Resta-me a companhia da lua
É a única que está a saber
Da minha pobreza nua e crua
No meu constante desespero
É a liberdade que me faz viver
A rua é o meu aconchego
E a lua não me deixa morrer
De : Fernando Ramos