.
.
.
Dizem aqueles mais apróximados que apesar de o olhar parecer ter permanecido inalterado por mais de sete décadas, as mãos que antes se firmavam garbosas no guidão do velocípede não resistiram ao tempo. Hoje envelhecidas, no máximo seguram inconscientemente trêmulas a pena e o papel rascunho numa espantosa cúmplicidade para sustentar as tantas memórias que hora ou outra são trazidas a tona. Digno fazer voar o pensar por entre os pilares do elegante pier do tempo, braço de mar que responde com uivos, silvos e sorrisos o marulhar constante das palavras qual salpicos de espumas a cada gesto da face de pele sulcada pelo sol e sal de (a)mar. Tão nítida é a lembrança daquela infância vivida. Tão reconfortante reviver essas memórias, remontar horizontes, notar semblantes a partir duma simples fotografia em sépia.