Os herdeiros dos tormentos clandestinos
Gritam rock’n’roll nas ruas
E declamam segredos para ouvidos surdos
Onde os pássaros são silenciados
E tapetes peçonhentos voam do chão
Carregando criaturas que se deitam
Tentando esconder dos olhares humanos.
A voz dos que perderam alguém se cala
E se escondem nos ares do esquecimento
Pessoas andam vagando como perdidas
Nas ruas de ilusões fantasmagóricas
E sangue dos anciões são derramados
Diante dos calafrios iminentes
De todos os que não sabem o que é viver.
Existem certos temores noturnos
Ecoado nos corações humanos
Que não temos condições de revelar
São mistérios escondidos secretamente
Há milhares e milhares de anos
Desde quando andavam em pequenos bandos
Procurando abrigos nas cavernas.
Para pesadelo dos artistas
Existiam os demônios da criação
Que perturbavam o horror da imaginação
Mesmo quando podiam ouvir o silêncio
No colorido do céu infinito
Antes do sol se esconder definitivamente
Por detrás das montanhas distantes.
Sem saber o que era criação ou paranoia
A imaginação deles era selvagem
Como são selvagens a fúria e a indolência
Dos que caminham na escuridão
E não sabem até onde podem aguentar
O barulho das máquinas e luzes de neon
Que moldaram a sociedade contemporânea.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense