"Felicidade se acha é em horinhas de descuido." Guimarães Rosa
A felicidade tem uma mania silenciosa de escapar das buscas frenéticas. Ela não se deixa capturar nos planos meticulosos, nem nos calendários riscados com datas de alegria programada. Não se apressa para quem a vigia de perto, mas se revela de repente, nas frestas do dia, quando esquecemos de chamá-la pelo nome.
É na distração de um riso inesperado, no abraço que dura um pouco além do esperado, no cheiro de café que invade a manhã sem pedir licença. Ela não obedece aos grandes eventos, nem aos discursos prontos sobre o que deveria ser a vida. Pelo contrário, floresce quando a gente desiste de controlar tudo e simplesmente está.
E talvez seja esse o segredo: parar de domesticar o instante, permitir que o improvável nos toque, abrir espaço para os desvios do acaso. Porque a felicidade não se encontra nos grandes marcos, mas nas horinhas distraídas, nesses descuidos breves onde o coração, livre de expectativas, se permite apenas sentir.
biblioterapeuta, guiando pessoas a se conectarem com suas emoções e jornadas internas por meio da leitura. Usa o poder dos textos para inspirar reflexão, cura e autoconhecimento.