Poemas : 

Dois Cortes

 
Só um deles corta sem volta.
O bisturi e a pena pesam igual na mão.
Não há sentença para o que cessa,
nem para o que fica.
O que se perde não se desfaz,
escorre para um lugar sem nome.
Onde o silêncio aprende a respirar
sem pulmões,
desço as escadas até o osso,
quando a noite pesa nos olhos.
Nenhum deles é menos real.
Um pulso sangra sem tinta,
outro cede sob a luz.
A outra escreve o que sobra,
uma corta o tempo.
Uso duas lâminas.


Bem-vindos ao meu refúgio, onde desvendo os mistérios da mente humana através da neurociência e da arte da palavra. Sou uma simples pessoa que, nas horas vagas, se torna escritora, explorando o mundo através da observação. Amante das artes e da diversi...

 
Autor
paollalopez
 
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Enviado por Tópico
debypinto
Publicado: 01/03/2025 15:17  Atualizado: 01/03/2025 15:17
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 Re: Dois Cortes
Seu trabalho é a interseção entre o visível e o indizível, onde cada toque, cada incisão, vai além da carne. Você costura destinos com suturas finas, segura vidas no fio de um segundo, e ainda assim, há cortes que nem o bisturi alcança. Você vê onde o tempo hesita, onde a dor persiste sem forma, onde a pele se refaz, mas o vazio permanece. E você sabe, sempre soube, que certas fendas nunca se apagam.

Beijinhos!